Se um espaço existe por si só, quem ocupa lhe dá vida.
2016 começou para mim com dois desalojos.
Duas casas destruídas para virar estacionamento ou terreno baldio.
Sonhos desrealizados.
Um ano depois, nasceu até um matinho em cima daquelas ruinas.
Algum dia, ele também será abafado.
E ele já sabe.
Abafado com concreto, a troca de dinheiro, e certamente com a bênção dos que envenenam a terra e privatizam os bens públicos.
Ordem e progresso.
Eu andei pensando sobre o que foi esse ano para mim.
Nômade.
Indignado.
Lutando a toa, sem saber por onde começar.
Ocupando e desocupando.
Acumulando muito, MUITO amor e muita, MUITA raiva.
Até chegar ao ponto de não ter mais espaço para nada, nem na cabeça nem no corpo.
2017: de volta ao ponto zero.
Pertences na mochila.
Olhando pra cima e jogadx para baixo.
Casas, aviões e pessoas seguem sendo derrubadxs.
Eu cheguei à conclusão de que não se constrói nada na vida. Nunca.
Nada que não possa ser destruído de maneira arbitrária em um par de segundos.
Mas afinal, por que tanta pressão?
A natureza sabe tudo.
Não se constrói nada, mesmo.
Só se FAZ.
- OKUPA Y RESISTE -
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